segunda-feira, 30 de março de 2020

Reflexão do Dia: A Primavera está a chegar...



É verdade que há medo. É verdade que há isolamento. É verdade que há açambarcamento. É verdade que há doença. É verdade que há mesmo morte.
Mas há quem diga que, em Wuhan, depois de tantos anos de ruído, é possível, de novo, ouvir os pássaros.
Há quem diga que, após algumas semanas de silêncio, o céu já não está tão poluído e voltou a ser azul e nítido.
Há quem diga que, nas ruas de Assis, as pessoas cantam umas para as outras através das praças desertas e mantêm as janelas abertas, para que os que estão sozinhos possam ouvir sons de vida em família.
Há quem diga que um hotel do oeste da Irlanda está a confecionar e entregar refeição gratuitas às pessoas que não podem sair de casa.
Hoje mesmo, uma jovem minha conhecida está a distribuir panfletos com o seu número de telefone pela vizinhança, para que os idosos possam ter com quem falar.
Hoje mesmo, igrejas, sinagogas, mesquitas e templos preparam-se para acolher os sem-abrigo, os doentes e os exaustos.
Um pouco por todo o mundo, as pessoas estão a parar e a refletir.
Um pouco por todo o mundo, as pessoas estão a ver os vizinhos de forma diferente.
Um pouco por todo o mundo, as pessoas estão a acordar para uma nova realidade.
Para o facto de sermos todos tão relevantes.
Para o facto de termos todos tão pouco controlo.
Para aquilo que realmente importa.
Para o Amor.
E, por isso, rezamos e lembramos que, apesar de haver medo, não tem de haver ódio.
Que, apesar de haver isolamento, não tem de haver solidão.
Que, apesar de haver açambarcamento, não tem de haver mesquinhez.
Que, apesar de haver doença, não tem de haver almas doentes.
Que, apesar de haver morte, o amor pode sempre renascer.
Acordemos para as escolhas que fazemos em relação à vida que levamos hoje.
Ouçamos, por detrás dos ruídos incessantes do nosso pânico, o canto dos pássaros.
O céu está a clarear, a primavera está a chegar, e o Amor continua a abraçar-nos a todos.
Abramos as janelas da nossa alma e, mesmo que não possamos tocar-nos, cantemos uns para os outros.

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