Na China antiga, um jovem príncipe resolveu mandar fazer, de
um pedaço de marfim muito valioso, um par de pauzinhos. Quando isto chegou ao
conhecimento do rei seu pai, que era um homem muito sensato, este foi ter com
ele e explicou-lhe:
— Não deves fazer isso, porque esse luxuoso par de
pauzinhos pode levar-te à perdição!
O jovem príncipe ficou confuso. Não sabia se o pai falava a
sério ou se estava a brincar. Mas o pai continuou:
— Quando tiveres os teus paus de marfim, verás que
não ligam com a loiça de barro que usamos à mesa. Vais precisar de copos e
tigelas de jade. Ora, as tigelas de jade e os paus de marfim não admitem
iguarias grosseiras. Precisarás de cauda de elefante e fígado de leopardo. E
quem tiver comido cauda de elefante e fígado de leopardo não vai contentar-se
com vestes de cânhamo e uma casa simples e austera.
Irás precisar de fatos de seda e palácios sumptuosos.
Ora, para teres tudo isto, vais arruinar as finanças do reino e os teus desejos
nunca terão fim. Depressa cairás numa vida de luxo e de despesas sem limite. A
desgraça irá atingir os nossos camponeses, e o reino afundar-se-á na ruína e
desolação… Porque os teus paus de marfim fazem lembrar a estreita fissura no
muro de uma fortaleza, que acaba por destruir toda a construção.
O jovem príncipe esqueceu o seu capricho e mais tarde veio a
ser um monarca reputado pela sua grande sensatez.
Conto do filósofo chinês Han Fei,
oito séculos antes da nossa era.
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