As minhas pernas andavam para a
frente e para trás. Embora estivesse a usar toda a força que tinha para que o
meu baloiço chegasse ao céu, estava muito longe de o conseguir.
— Mãe, podes empurrar-me outra
vez?
— Não, filha. Eu sei que
consegues chegar mais alto. Concentra-te e continua a usar as tuas pernas.
Olhei em volta e vi todas as
outras mães e pais do parque a empurrar os filhos, sob o calor escaldante de
junho. Perguntei-me por que razão a minha mãe não fazia o mesmo. Não que lho
fosse perguntar. Temia bem aquele olhar que os pais lançam aos filhos, quando
acham que a sua autoridade está a ser questionada.
— Está bem — resmunguei.
Embora eu não acreditasse na
força das minhas pernas, a minha mãe parecia ter muita confiança nelas.
Coloquei as mãos em volta das correntes de metal, pus-me em posição, balancei
para trás e lá continuei.
— Continua a balançar as pernas,
filha! Tu consegues! — encorajou-me ela.
Parecia querer o meu sucesso mais
do que eu mesma. Como não queria desapontá-‑la, lá me esforcei. Acabei por
chegar tão perto do céu que os meus pés já tocavam as nuvens. Sorri abertamente
ao ver que tinha conseguido o impossível. Tinha conseguido voar.
Saltei do baloiço e enterrei os
pés na areia quente.
— Viste o que eu fiz, mãe? Viste?
— Claro que vi. Estive sempre a
olhar para ti.
Naquela altura, não compreendia
por que motivo a minha mãe queria que eu fizesse tudo sozinha. Se eu não
conseguia balançar mais alto, porque não me empurrava ela?
Ao longo dos anos, a minha mãe
deu-me o maior presente que um pai ou mãe podem dar aos filhos: um amor
exigente, liberdade e independência. Ensinou-me a enfrentar os desafios
sozinha. Preparou-me para o meu futuro. E mostrou sempre muita empatia e amor
por mim, ao mesmo que tempo que fazia de minha professora e melhor amiga, e
ainda de pai e de mãe.
De cada vez que ouvia as palavras
“Não consigo”, sorria, porque sabia que eu conseguia. Se ela tivesse empurrado
o meu baloiço, eu nunca teria saltado dele sentindo-‑me tão maravilhosamente
capaz.
Christy Barge
Sem comentários:
Enviar um comentário
Por favor, comenta com ponderação. Obrigada!