É que a avó do Joca é doceira e tem uma casa de chá. A bem dizer, a casa é de bolos, com chá para ensopar os bolos.
- Já provaste este bolinho de amêndoas? – pergunta a avó ao Joca. Mesmo que já tenha provado, o Joca volta a provar.
- Queres umas bolachinhas de manteiga? – pergunta a avó ao Joca. Não havia ele de querer… Mas a avó doce e terna não se esquece da filha, mãe do Joca, muito gulosa também. É de família.
- Vais levar para casa esta meia dúzia de nozes douradas, que acabei de fazer – diz a avó ao neto.
Ele não se incomoda com o peso, tanto mais que, a meio do caminho, a meia dúzia está reduzida a metade… Quem já comeu três nozes entre uma casa e outra não poderá ainda, à porta de casa, comer mais uma? Pois pode.
- Trago-te uma noz dourada que mandou a avó – diz o Joca, um descarado.
- Só uma? – estranhou a mãe. – Não me digas que comeste as outras? Como fizeste isso?
- Fiz assim – e o Joca mete à boca a última noz do embrulho.
António Torrado, 100 histórias bem dispostas 4ª edição, Edições ASA, 2008 (excerto)
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