A Sara tinha um coração pesado.
E levava-o para todo o lado.
Para o autocarro.
Para a escola.
Para o recreio.
Levava-o sempre, até quando andava de bicicleta.
Não era fácil dormir com um coração tão pesado… e tomar banho era um pesadelo.
A Sara sabia que teria de carregar o seu coração para sempre. Só queria que não fosse tão pesado.
Uma certa manhã, na paragem do autocarro, algo passou por ela a pairar.
— O que estás a fazer aí em cima? — perguntou a Sara.
— O meu coração é demasiado leve — respondeu um rapaz.
A Sara seguiu o rapaz enquanto ele era levado pelo ar.
Ele flutuou por entre as árvores, pelos prédios, e pelas nuvens baixas.
Finalmente, o rapaz acabou por aterrar num parque próximo da cidade. A Sara ajudou-o a levantar-se.
— Isto acontece-te muitas vezes? — perguntou ela.
O rapaz acenou com a cabeça.
— É pior quando está vento — respondeu. — O meu coração deixa-se levar.
A Sara soltou um suspiro.
— O meu coração é tão pesado…
E sentaram-se os dois no parque, a observar e a pensar.
Foi então que, sem nada dizer, a Sara tirou uma das fitas que lhe prendiam o cabelo.
O rapaz ficou a olhar para a Sara enquanto esta lhe tirava o coração das mãos e o atava ao seu próprio coração.
— Que te parece? — perguntou a Sara.
Ele respondeu com um sorriso.
E assim, com os corações presos um ao outro, a Sara e o rapaz voltaram para a cidade.
Peter Carnavas
Sarah’s Heavy Heart
New Frontier Publishing, 2009
(Tradução e adapthttps://historiasparaosmaispequeninos.wordpress.com/2019/02/12/a-sara-tem-um-coracao-pesado/ação)
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